
Foi com “Welcome to the Jungle”, um conjunto de cinco peças
de mobiliário, cada uma representando um animal diferente, que Rui Alves, de 35
anos, viu o seu trabalho ser reconhecido. Primeiro, no Festival Internacional de Design de Berlim e depois no Red Dot
Award, onde viu o júri eleger o seu projecto como um dos 29 melhores, entre
os 3023 nomeados. “Acredito que o júri tenha visto o conceito como algo simples,
curioso, mas eficaz”, afirma Rui Alves.
Três adjectivos que assentam na perfeição às peças do
designer natural de Paços de Ferreira. O gosto por inventar e reinventar a
realidade nasceu cedo, algo quase “inato”, ou não houvesse raízes na família. “O
meu avô era artesão, carpinteiro e dedicava uma atenção ao detalhe absolutamente
fora do vulgar. O meu pai trabalhava numa fábrica que produzia mobiliário
escolar”, conta Rui Alves ao P3. Por isso, acabou por conhecer “duas
realidades: a artesanal e a industrial”.
Ainda miúdo, gostava de construir os seus próprios
brinquedos, “não só desenhar, mas também materializar”. A oficina do pai
transformava-se na fonte das suas incursões criativas, de onde “ia roubando
materiais que encontrava”.

Funcionalidade sempre presente
A preocupação em imbuir as peças de uma identidade vincada e,
ao mesmo tempo, de um fim de utilização claro é transversal a todo o seu
trabalho. “Poderei ter projectos mais conceptuais, mas o utilizador deverá ter
sempre uma última palavra a dizer na utilização do objecto”, salienta.
O quotidiano e aquilo que “passa despercebido” exerce uma
influência primordial no processo de conceber uma nova peça. “Quando abrimos a
gaveta onde temos os utensílios de cozinha, estão lá verdadeiras peças de
design. Não estou a falar da ultima criação, da última marca, mas daquele
descascador de batatas que a nossa avó usava, e continuamos a encontrar no
mercado, ou de uma escova dos sapatos”, sublinha.
Outra das rotinas que ajuda a fluir as ideias reside na
observação dos comportamentos das pessoas – não de uma forma “obsessiva” —, de
modo a discernir se “os objectos estão a cumprir a sua função”. “Gosto de ir
tomar o pequeno almoço sem grandes pressas no sentido de tentar perceber hábitos
e costumes e como é que as pessoas estão a cuidar dos objectos, como é que
interagem com eles, porque acabam por fazê-lo de uma forma mais simples e
despreocupada naquela pressa do dia a dia”.
Entre 17 e 22 de Abril, o designer português vai apresentar
em Milão cinco novos projectos. E Rui não tem dúvidas: “O reconhecimento vem
sempre de fora para dentro” e, desde então, “as portas abrem-se com maior
facilidade”. (fonte: http://p3.publico.pt)
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