terça-feira, 17 de abril de 2012

Castelo de Guimarães será 'assaltado, destruído e reconstruído'



O castelo de Guimarães vai ser «assaltado, destruído e reconstruído», numa iniciativa em três actos que pretende mostrar o «símbolo da nacionalidade» como «fortaleza do passado, muralha ténue no presente e ponte para o futuro».

O Castelo em Três Actos: Assalto, Destruição e Reconstrução é uma iniciativa da Capital Europeia da Cultura Guimarães 2012, comissariada por Paulo Cunha e Silva e que tem como «principal metáfora» o simbólico, mas real Castelo de Guimarães.
«O Castelo é um lugar comum de Guimarães. Mas é uma realidade incontornável», explicou em entrevista à Lusa Paulo Cunha e Silva.

Mas que Castelo? «A muralha, a simbologia, a fortaleza, a prisão. Tudo isto é o castelo. Castelo que é palácio, que encanta, mas também castelo que é masmorra e amedronta», respondeu.

Médico, Paulo Cunha e Silva deambula entre a lógica da ciência e a ilusão da arte: «A fortaleza física do castelo é evidente. Está nas muralhas, nas pedras. Mas até onde se estende essa fortaleza? Passa os limites das pedras?».

As questões ficam no silêncio interrompido pela resposta: «O castelo tem também uma fortaleza emocional, na medida que provoca um sentimento de protecção a quem o rodeia».

Mas estaremos mesmo protegidos? «As pedras caem. E o acto 1, o Assalto mostra isso mesmo. Antes da invasão, há o cerco. Um abraço às muralhas, à cidade. Um apertar da malha antes da luta».

A ideia de paradoxo corre no pensamento e nas palavras. «Em cada castelo há contradições. É preciso mostrá-las, discuti-las. Da tese e da antítese confrontam-se ideias, nascem novos paradigmas. Avança-se», explanou.

Depois da ternura do abraço, a violência da «invasão e consequente» destruição.
«É inevitável. O invasor destrói, rompe com a normalidade. Mas vivemos tempos em que é preciso romper, cortar e avançar. Qual é o lugar da Europa nestes tempos? Há uma muralha que fecha a Europa em si ou essa mesma muralha abre-a ao mundo?», pergunta.
O castelo está destruído. Acto um e Acto dois encenados.

«É agora tempo de reconstruir. Que castelo queremos? É uma questão que se tem que discutir», afirmou. Ato três.
Perguntas esclarecem perguntas, dúvidas são respondidas com questões. Paulo Cunha e Silva descreve o Castelo de Guimarães «além das muralhas» que o limitam.
«É o principal símbolo da nacionalidade. Uma fortaleza do passado que ergue uma muralha no presente. Uma muralha ténue perante a incerteza dos dias e que da força das pedras, da resposta a questões incontornáveis, constrói pontes para o futuro». É apenas um castelo.

Castelo em Três Actos - Assalto, Destruição e Reconstrução envolve Guimarães em ciclos de conferências para «diagnosticar» o mundo, «descobrir se se quer um castelo sólido ou um castelo de cartas».

De Abril a Setembro, seis meses de reflexão entre exposições, propostas de castelos, deambulações cinematográficas e até culinária, porque dentro das muralhas de um castelo tudo acontece.

«Se o Drácula vive num castelo, já a imperatriz Sissi vivia num palácio, também ele um castelo», opõe, assim, Paulo Cunha e Silva, as masmorras aos salões de baile. (fonte: http://sol.sapo.pt)

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