quarta-feira, 9 de maio de 2012

O Tom de Festa – Festival de Música do Mundo



Tom de Festa – Festival de Música do Mundo, projeto emblemático da Acert, de Tondela, e o mais antigo do género em Portugal, está em risco este ano devido aos cortes financeiros, alertou hoje a organização.

A Associação Cultural e Recreativa de Tondela (Acert) existe há 36 anos, tem no grupo de teatro Trigo Limpo um dos seus vértices e em festivais de teatro como o Finta ou de música, como o Tom de Festa, a sua vertente mais conhecida para o grande público.

Para a programação deste ano, com os corte registados nas verbas atribuídas pela Direcção Geral das Artes (DGA), a Acert viu reduzidos os montantes disponíveis em 38 por cento, passando de cerca de 390 mil euros para menos de 240 mil.

Miguel Torres, da direção da Acert, explicou à agência Lusa que a possibilidade de “deixar cair” o Tom de Festa foi colocada à DGA no momento dos cortes e “a resposta foi a de aceitar que este festival, o mais antigo do género no país, não tivesse lugar”.

O Tom de Festa, que há mais de três décadas se realiza em julho, em Tondela, “pode mesmo não ter lugar este ano”, embora Miguel Torres sublinhe que “a Acert e a Câmara de Tondela estão a fazer esforços para que isso não venha a acontecer”, havendo, por parte da autarquia, “uma vontade clara de que este festival não seja interrompido”.

Em “tempos normais”, o Tom de Festa tem “orçamentos mínimos” entre os 50 e os 70 mil euros. Segundo Miguel Torres, “se este ano se conseguir mantê-lo, garantindo o mínimo de dignidade, nem de perto nem de longe se chegará a esses valores”.

Os cortes nos apoios estão a fazer-se sentir noutros aspetos da atividade da associação cultural de Tondela.

“Fomos obrigados a diminuir de 20 para 12 a equipa fixa da Acert, obrigando a um muito maior esforço por parte dos que ficam, de forma a permitir que a sua atividade central, a aposta no desenvolvimento local com base na cultura, seja mantida com toda a dignidade”, afirmou Miguel Torres.

A criação artística, com dezenas de produções teatrais no currículo é, para José Rui Martins, diretor da Acert, ator e criador, motivo de “algumas inquietações”, visto que toda a criação “necessita de espaço para chegar ao público”, mas, ao mesmo tempo, a associação cultural tem “noção de que os momentos de dificuldades são, também, momentos propícios à criação”.

Um trabalho assente em 36 anos de dedicação à cultura “não se pode fragilizar perante a adversidade, mas obriga a que a Acert recorra com outra atitude às cumplicidades, às amizades, conseguidas nestes anos, ao mesmo tempo que impõe um redobrar de esforço pessoal da equipa”, apontou.

José Rui Martins lamentou, no entanto, que a Acert, que, admite, tem condições de trabalho em Tondela que facilitam a “manutenção da capacidade operacional”, não tenha sido vista pela DGA como merecendo “outra atenção”, dado que, “em momentos de rude crise, a cultura é um pilar essencial para sustentar a comunidade” em que a associação está inserida. (fonte: http://www.jornaldocentro.pt)

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