quinta-feira, 17 de maio de 2012

Cinema português atravessa grandes dificuldades



Na expetativa de «uma lei salvadora» para o setor, produtores, realizadores e programadores de cinema vão pedir, na próxima semana, uma audiência ao primeiro-ministro, porque a Secretaria de Estado da Cultura está «à deriva», noticia a agência Lusa.

Num encontro em Lisboa, vários realizadores e produtores de cinema alertaram, mais uma vez, para a «situação de emergência» que vive o setor, enquanto aguardam uma nova lei, porque o Instituto do Cinema e do Audiovisual (ICA) está em falência e há projetos parados.

«Não temos um interlocutor, o secretário de Estado não manda nada, é preciso falar com quem manda e quem manda na Cultura é o primeiro-ministro», disse o produtor Luís Urbano, sublinhando que o setor quer saber qual o calendário para a entrada em vigor da proposta de lei do Governo.

Já o produtor Pedro Borges acusou o ministro adjunto e dos Assuntos Parlamentares, Miguel Relvas, e o conselho de administração da RTP de estarem a «tentar contrariar ou boicotar a lei».

«Toda a gente sabe que, dentro do Governo, é o ministro Miguel Relvas que tem estado a fazer o trabalho de sapa e sabemos que é o presidente da RTP; e é dentro do serviço público de televisão que têm saído mais críticas ao projeto que foi apresentado pelo primeiro-ministro», disse Pedro Borges.

No caso do sistema de apoios financeiros do ICA, Luís Urbano falou de uma situação de «total rutura» que está a levar as produtoras a ponderar o encerramento.

É o caso da produtora de cinema de animação Animanostra que tem projetos pendentes, por causa da falta de financiamento público, e poderá fechar portas e despedir trabalhadores.

Já o produtor Pedro Borges disse à agência Lusa que há realizadores, como João Canijo, que têm projetos em carteira e que estão parados e dependentes da resolução da falta de dinheiro do ICA.

E essa falta de dinheiro estende-se também à distribuição e à atividade dos cineclubes.

Pedro Borges deu ainda como exemplo a ausência, «pela primeira vez em décadas», de Portugal no mercado de Cannes, em França, junto da indústria cinematográfica mundial, à margem do festival, e cuja participação era assegurada pelo ICA.

Sobre casos concretos de paralisia, Luís Urbano disse à agência Lusa que está à procura de financiamento fora de Portugal para fazer avançar novos projetos de Manoel de Oliveira e de Miguel Gomes.

No caso do Manoel de Oliveira, cujo filme «O Gebo e a Sombra» se deverá estrear em setembro, Luís Urbano procura apoio no Brasil para o projeto «A igreja do diabo», a partir de três contos de Machado de Assis.

«É um projeto que iremos fazer no Brasil, com técnicos brasileiros, com atores brasileiros e com o que pudermos trazer de particiação portuguesa, na medida do financiamento que conseguirmos encontrar», disse.

No encontro de quinta-feira marcaram presença os realizadores João Salalviza, Miguel Gomes, Marco Martins, João Botelho, João Canijo, José Nascimento, os atores Nuno Lopes e Carlotto Cota, os produtores Humberto Santana e Maria João Mayer e as deputadas Catarina Martins (Bloco de Esquerda) e Inês de Medeiros (PS). (fonte:
http://www.tvi24.iol.pt)

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