quinta-feira, 24 de maio de 2012

"Nunca lidei com tanta burocracia"

O diretor artístico da companhia alemã Pan.Optikum, que apresenta na sexta-feira o espetáculo "TRANSITion" no festival Imaginarius, em Santa Maria da Feira, garante que, em 15 anos de atividade internacional, nunca lidou com país mais burocrático do que Portugal.
"Nunca lidei com tanta burocracia", diz diretor artístico alemão
"Uma coisa em que Portugal é totalmente diferente da Alemanha é a burocracia", declarou Matthias Rettner em entrevista à agência Lusa. "Há muito mais papelada aqui e nunca lidei com tanta burocracia em 15 anos de trabalho pelo mundo fora - nem em Santiago, nem na Austrália, nem na Venezuela".

O encenador alemão defende que "não é funcional complicar tanto" e admite que, inicialmente, chegou a pensar que os procedimentos de contratualização para os espetáculos em Portugal fossem particularmente minuciosos por exigências relacionadas com fundos comunitários. "Mas depois percebi que nem é por causa do dinheiro", explica. "É só porque é assim que as coisas estão feitas e ninguém se deu ao trabalho de as melhorar".

No caso específico da participação da Pan.Optikum no festival Imaginarius, Matthias Rettner refere um exemplo que considera paradigmático: "Todos os formulários para inscrição no festival - que é internacional, note-se bem - estão escritos em Português. Mandam-nos seis ficheiros anexos num só e-mail e está tudo escrito em Português".
"Como é que podemos preencher e assinar aquilo tudo num espaço de horas, se não conseguimos perceber o que lá está escrito e ainda temos que ser nós a arranjar quem traduza tudo de repente?".

Insistindo em realçar que não tem "absolutamente nada a apontar à direção cultural do evento, que conversa com os participantes em Inglês, discute com eles todos os detalhes e tem sempre o cuidado de alertá-los bem para as questões legais", o encenador alemão assegura: "O problema está todo nos serviços administrativos".

Para Matthias Rettner, a questão tem ainda assim a sua graça. "Quando andamos em viagem pelo mundo, levamos sempre histórias de um país para o outro", explica. "No caso de Portugal, uma das que vamos contar vai ser a da burocracia, que dá para uma boa conversa enquanto bebemos qualquer coisa".

A companhia alemã Pan.Optikum faz, na sexta-feira, a estreia nacional de "TRANSITion", uma parábola sobre fronteiras - civis, religiosas, individuais - que tem a particularidade de ser uma das raras produções de grande formato apresentada com linguagem falada no festival Imaginarius.
(fonte: http://www.jn.pt)

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