domingo, 27 de maio de 2012

Intercâmbio "Barroso-Itália" - Artesanato




Durante cerca de três semanas, um grupo de artesãos portugueses esteve em Itália a cumprir a quarta e última mobilidade "Barroso-Itália". A equipa barrosã abordou a temática "As tradições como base da intervenção sustentável". Os artistas, que integram a organização do "Festival do Castanho", deixaram um mural alusivo a Montalegre, como forma de assinalar a passagem. Inserida num projeto de voluntariado sénior, esta parceria «mostrou-se uma experiência muito enriquecedora», cujo maior desafio «passa por repetir a ideia com jovens», afirma David Teixeira, diretor do Ecomuseu de Barroso.
O intercâmbio "Barroso–Itália", inserido «num projeto de voluntariado sénior», teve como missão «a troca de experiências a nível cultural e formativo». Resultou de uma parceria estabelecida entre Ecomuseu de Barroso, Portugal, e associação NO ARTE, Itália. O projeto englobou «quatro períodos de mobilidade voluntários, duas mobilidades de acolhimento e duas de envio para cada um dos países parceiros». Assim sendo, «cada uma envolveu no mínimo três voluntários com idade superior a 50 anos que desenvolveram atividades na instituição parceira durante um período de três semanas aproximadamente».
NOVA DIMENSÃO
Chega assim ao fim «mais um projeto desenvolvido pelo Ecomuseu de Barroso com os parceiros italianos da Sardenha», refere David Teixeira, diretor do Ecomuseu de Barroso. Feitas as contas, «foi uma experiência muito enriquecedora para ambas as associações que estiveram por detrás desta mobilidade sénior». O Ecomuseu «ganhou uma dimensão diferente, adquiriu uma noção de cultura e de importância da cultura no desenvolvimento de um espaço». Neste momento «estamos a fazer, as duas associações intervenientes, a avaliação daquilo que foram as duas mobilidades entre os dois países», revela. Receber os artesãos italianos em Montalegre «foram dois momentos marcantes», em que se «integraram nas nossas atividades, levaram a cabo as ações que traziam programadas». A estadia em Barroso «permitiu-nos conhecer muitas das tradições típicas da Sardenha». Não menos importante foi «perceber a ligação dos descobrimentos e da presença portuguesa pelo Mundo, uma vez que eles têm o dialeto sardo, que é em tudo igual ao português e ao barrosão, tem muitas palavras similares», acrescenta.
«REPETIR COM JOVENS»
Para David Teixeira «a maior descoberta e maior desafio que ficaram passa por repetir esta experiência com jovens». O voluntariado sénior «é uma área interessante e que será crescente para os projetos que possam vir a ser desenvolvidos em parceria com o Ecomuseu». Contudo, o diretor da instituição barrosã «pensa que o desafio lançado ao município e ao Ecomuseu, por parte da Sardenha, também seria muito enriquecedor se muitos dos nossos jovens ligados ao teatro, ao Centro de Estudos de Barroso (CEB), tivessem a possibilidade de visitar comunidades que têm esse hábito de encontro de cultura». É um «centro de cultura, onde gente de todo o Mundo vai aprender, ensina o que sabe e, no fundo, marca a sua presença e o valor da sua identidade».
MARCO DE BARROSO EM ITÁLIA
Durante mais de 20 dias, a comitiva do “Festival do Castanho” esteve em San Sperate. Maria Carvalho refere que «era uma realidade que nós não conhecíamos fisicamente». Apesar de à partida «sabermos que íamos encontrar murais e outras coisas, a atmosfera vivida era uma incógnita». Todas as pessoas «nos receberam bem e foram muito acolhedoras». Durante a estadia «desenvolvemos uma ideia», divulga. Foi entregue aos portugueses «uma parede que, ao início, gostávamos pouco, e que viemos a gostar muito mais com o tempo». Falamos da construção de um mural, que acabou por marcar a presença de Barroso em Itália. Para melhor entender o que foi feito, a artista recorda que «a origem de construção daquela terra é feita em blocos de terra cruda». Trata-se de uma «mistura de barro, terra, areia e palha». Toda «a construção original de San Sperate foi feita assim». Todavia, «por iniciativa de um artesão local, posteriormente foi pintada de branco». A proposta de branco «aparece no sentido de trazer os artistas do Mundo e convidá-los a deixar a sua marca». Acontece que «com o tempo os murais vão-se diluindo e há sempre uma renovação desse trabalho». No caso específico, «foi-nos dada uma parede que já não tinha tinta e que voltou à origem». Era visível «uma parede construída em blocos e o que tinha dentro dos seus blocos». O trabalho do grupo passou por «conservá-la, que só por si é uma obra de arte». Em complemento está «um artefacto de um braço, em escultura, com lupa». O objetivo desta simbologia «foi reforçar a observação de quem passa por aquela rua, uma espécie de apelo à observação».
ATIVIDADES VÁRIAS
Durante este último momento da mobilidade, foram realizadas diversas atividades. Maria Carvalho destaca «um fabuloso workshop de lã», durante o qual «aprendemos técnicas base, desde o processo de cardar a lã». Outra ocasião relevante foi «a oportunidade que tivemos de ter contacto direto com técnicas de fabrico artesanal de blocos de terra cruda», pasta essa que «ainda foi utilizada no mural». Para além da componente prática, também «participámos em jantares, mostraram-nos paisagens lindíssimas e tivemos muitas visitas arqueológicas». Foi uma «mistura de contactos, momentos de sabedoria, aprendizagem, sensibilização e conhecimento», conclui.
MOBILIDADES:
1ª Mobilidade
Sardenha-Portugal;
Abril 2011;
Temática: “Arte da Terra”.
2 ª Mobilidade
Portugal-Sardenha;
Outubro 2011;
Temática: "Sinfonia da Pedra".
3ª Mobilidade
Sardenha-Portugal;
Fevereiro 2012;
Temática: "As Máscaras e a Identidade. Rituais Celtas e Nurágicos".

4ª Mobilidade
Portugal-Sardenha;
Maio 2012;
Temática: "As tradições como base da intervenção sustentável".

As atividades a desenvolver pelos voluntários em cada mobilidade enquadram-se em três dimensões:
- Saber dos Sabores: Troca de experiências a nível culinário;
- Dimensão prática da Arte: As artes ao serviço da vida quotidiana – troca de experiências entre artesãos;
- A Criatividade e a Arte: A Arte como dimensão Pura - trocas de experiências a nível de artistas locais.

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