quinta-feira, 3 de maio de 2012

Guimarães Yé-Yé - 5 de Maio



Hoje em dia, provavelmente ouves rock feito há mais de 50 anos atrás. Se calhar, reutilizas a roupa antiga dos teus pais, tens um par de óculos à aviador e achas que deve ter sido muito mais divertido viver naquela altura. No dia 5 de Maio, tens o enquadramento perfeito em Guimarães. Chama-se Guimarães Yé-Yé e a promessa do colectivo Ó da Casa é a de envolver a cidade no espírito das décadas de 50, 60 e 70.

Ainda nenhum cientista inventou a fórmula para viajar no tempo. Mas entretanto, o recuo pode ser feito por outros meios. Entre as décadas de 50 e 70, enquanto Portugal vivia sob o espectro da ditadura, a Europa agitava-se e dançava ao som do rock. Alguns subiam a “Stairway to Heaven” com Led Zeppelin, outros diziam “Hey” a “Jude” ou mergulhavam nas profundezas à boleia do “Yellow Submarine”, dos Beatles.

O Guimarães Yé-Yé vai-nos empurrar de 2012 para o passado. O evento, promovido pelo colectivo Ó da Casa, é dedicado à música, particularmente, ao rock e à contracultura dos anos 50, 60 e 70. Adriana Ribeiro, uma das organizadoras, convida-nos a subir ao sótão, abrir baús e desarrumar gavetas para “entrar no espírito” e usar “acessórios da época” como “uma saia mais rodada ou uma mini-saia, um blusão de couro ou um fato desse tempo, um chapéu, uns óculos, um penteado... trazendo uma bicicleta antiga ou tirando o carro do avô da garagem”. Tudo depende da imaginação.

Com eventos como este, o colectivo aspira a proporcionar meios para que as pessoas que criam, realizam e têm ideias, as consigam extravasar. Foi neste sentido que, no ano passado, aconteceu o Guimarães Noc Noc que deu conta de uma realidade artística vibrante que precisava de tirar a mordaça.

Este ano, o ensejo é o de “chamar a atenção para o aparecimento do rock’n’roll cuja história nunca foi devidamente contada ou registada e que, durante décadas, trouxe a um Portugal obscuro e fechados ecos do que de mais contemporâneo se fazia nas democracias para além fronteiras”. Trata-se de ema atitude rebelde contra o conservadorismo que preponderava e que, se calhar, vem a calhar nos dias que correm.

É um festival diferente dos outros por juntar “o útil ao agradável”, diz a Adriana que valoriza as “sinergias ao nível das associações locais dinamizando e descentralizando os pequenos pólos culturais da cidade” e empenha-se em “dar um palco e público a artistas para mostrar o seu trabalho”.

É uma espécie de viagem no tempo


Kings ou Beatles no telhado
As diferentes formas artísticas integrantes serão representadas por 12 artistas e variam entre a música, o teatro e o cinema. Pela rua, vai ser citada poesia, no terraço do Cineclube de Guimarães vai tocar a mítica banda vimaranense Kings, em jeito de reminiscência do lendário concerto dos Beatles em cima de um telhado e não são esquecidas retrospectivas documentais sobre a época, expostas no CAR e no Auditório do Patronato.

O inesperado também vai ter lugar e a organizadora conseguiu criar suspense quando antecipou ao P3 que vão ter “surpresas a animar a cidade”.

Os que hoje são jovens não foram contemporâneos do movimento yé-yé, mas Adriana reconhece que é “muito direccionado” para eles até porque a divulgação tem sido feita à base das redes sociais. Sublinha, todavia, que o princípio deste evento é “para quem quiser aparecer, independentemente da idade”, sem pagar e até à lotação dos espaços.

Acontecimentos como este não vão escassear na cidade e já há uma segunda edição do “Guimarães Noc Noc” à vista, marcada para os dias 5, 6 e 7 de Outubro com mais actividades que a edição anterior. As entradas são gratuitas para toda a gente, excepto na festa que encerra o dia, na Associação de Convívio. Mas mesmo nesta, não é o preço que vai impedir as pessoas de irem dançar ao som do yé-yé, não é? (fonte: http://p3.publico.pt)

Sem comentários:

Enviar um comentário