segunda-feira, 16 de janeiro de 2012

Museu de Arte Contemporânea de Serralves - Porto

Exposição “Porto 60/70: os Artistas e a Cidade”

O Museu de Arte Contemporânea de Serralves e a Cooperativa Árvore convidam o vosso orgão de comunicação social a estar presente na conferência de imprensa de apresentação da exposição “Porto 60/70: Os Artistas e a Cidade”, no dia 24 de Janeiro, às 17 horas, no Museu de Serralves.
A exposição é uma co-produção da Fundação de Serralves e da Cooperativa Árvore, sendo apresentada nos espaços destas duas instituições. A inauguração é no dia 25 de Janeiro, em primeiro lugar na Cooperativa Árvore, pelas 18h30, e, pelas 22 horas, no Museu de Serralves.
Esta será uma exposição histórica sobre as décadas de 60 e 70 na cidade do Porto. Comissariada por João Fernandes e Fátima Lambert, esta iniciativa enquadra-se num segundo núcleo de exposições a realizar pelo Museu de Arte Contemporânea de Serralves durante o ano de 2001 sob o tema “Artistas e Situações afirmados no Porto da 2ª metade do séc. XX” e abrangerá a criação da Cooperativa Árvore, assim como as actividades do Cineclube do Porto, do Teatro Experimental do Porto e da Escola de Belas Artes, até ao aparecimento do projecto de Museu de Arte Moderna desenvolvido por Fernando Pernes no Museu Nacional de Soares dos Reis.
Os Comissários, Fátima Lambert e João Fernandes, explicam qual a especificidade da cena artística portuense nas décadas em causa, e que justifica a exposição: “Descobrir e apresentar o que se passou no contexto cultural da cidade do Porto ao longo das décadas de sessenta e de setenta envolve interrogar as razões de uma especificidade das situações nele originadas, independentemente de qualquer localismo autoglorificador e mistificatório. A história cultural da cidade revela factores que a identificam com a situação nacional, se bem que suscite outros que são advindos de uma particular revolta perante muitos desses factores. Convém não ignorar que o Estado Novo, para além da manifestação de uma “arte oficial” que dificultava quaisquer outras manifestações que lhe fossem exteriores, condicionou toda uma situação artística fortemente limitada pela falta de liberdade, pela repressão e pela censura que caracterizavam então toda a sociedade portuguesa. Esta situação originou um forte isolamento da comunidade artística nacional, cujas possibilidades de acesso à informação internacional eram extremamente reduzidas. Na cidade do Porto, este isolamento via-se acrescido da subalternização da cidade em função da centralização administrativa, política, económica e cultural que o Estado Novo conferiu a Lisboa, enquanto “capital do Império”, na continuidade aliás de um centralismo histórico que o país sempre manifestou desde as suas origens. O papel alternativo em relação à cultura oficial que o aparecimento da Fundação Calouste Gulbenkian desempenhou através da sua programação de exposições e concertos, restringe-se maioritariamente a Lisboa, com excepção das bolsas atribuídas a artistas para o desenvolvimento dos seus estudos e pesquisas fora de Portugal. Na cidade do Porto, não há iniciativas nem programações institucionais de relevo a nível cultural. Os artistas e intelectuais portuenses vêem-se remetidos para o contexto de uma periferia da periferia lisboeta, o que irá estar presente em muitas das suas atitudes, reunindo-os aliás em projectos de cidadania cultural que originarão a emergência de espaços culturais alternativos, independentes da cultura oficial do Regime.”
“(...)A criação artística revelada na cidade do Porto ao longo destas décadas reflectirá no entanto muitos dos paradoxos e contradições inerentes à evolução histórica do país e da cidade. Várias linguagens plásticas, por vezes antagónicas, confluem nos mesmos espaços e eventos, sem que uma clareza crítica estabeleça ou defina as suas especificidades ou incompatibilidades.(...) Qualquer manifestação cultural surge como a expressão do desejo de uma cultura por haver, o que a torna muitas vezes generalista na generosidade da sua ocorrência. Os ecos do “salon” burguês oitocentista não deixam de estar presentes no ecletismo dos eventos ocorridos nesta época. A confluência torna-se prioritária em relação à divergência, num tempo em que a separação das águas era sobretudo determinada pelo posicionamento político perante o regime censório e repressivo em que se vivia. A iniciativa cultural constituía-se enquanto exercício de uma cidadania difícil, sempre condicionada pela falta de liberdade de expressão e de organização. O aparecimento de estruturas culturais transforma-se deste modo num contraponto à falta de iniciativa cultural por parte do regime, assim como numa resposta ao deserto para o qual a cidade era remetida pela centralização em Lisboa de instituições e eventos. “
“(...)Apresentar hoje, num momento em que a cidade do Porto se reestrutura culturalmente no contexto da sua condição de Capital Europeia da Cultura, uma exposição sobre algumas das transformações ocorridas nas artes visuais ao longo das décadas de 60 e de 70, permite lembrar e reavaliar algumas das mais ricas experiências da história recente da arte portuguesa, sem com isso pretender mitologizar uma identidade que sempre teve a coragem de se questionar perante os desafios que a sua história social e política lhe proporcionou. Resgatar do olvido algumas obras e situações merecedoras de maior atenção e reflexão proporciona hoje um melhor conhecimento de uma história em relação à qual ainda muito há por fazer nos domínios da pesquisa, do ensaio e da historiografia. Sabemos como, na história cultural portuguesa, se torna difícil guardar memória de muitos dos seus momentos determinantes. Esta exposição representa o contributo possível, dentro das contingências da sua natureza, para o apelo a uma investigação mais aprofundada que se torna urgente desenvolver no campo da pesquisa universitária e museológica sobre este período.
Não pretende esta exposição representar o contexto cultural abrangido pelas décadas que referencia. A vida e a história de instituições, estruturas e associações culturais como a Escola de Belas Artes do Porto, o Cineclube do Porto, o Teatro Experimental do Porto ou a Cooperativa Árvore, entre muitas outras, necessitam de investigações autónomas e específicas que até ao momento ainda se encontram por realizar. Sublinham-se aqui e agora apenas algumas das intersecções protagonizadas por artistas plásticos que, colaborando com essas estruturas, procuraram convertê-las em exemplos de uma cidadania cultural reveladora de muitas das transformações das linguagens artísticas ao longo dessas décadas.”
Na exposição “Porto 60/70: Os Artistas e a Cidade”, estarão representados 55 artistas, 5 instituições (TEP, ESBAP, Cineclube do Porto, Museu Nacional Soares dos Reis e Cooperativa Árvore) e 6 grupos de artistas: serão os mais relevantes entre aqueles que tiveram uma presença/intervenção no Porto dessas duas décadas.
A exposição encerra na Cooperativa Árvore no dia 10 de Abril, prolongando-se até ao dia 29 de Abril o núcleo instalado no Museu de Serralves. (fonte: http://www.serralves.pt/)





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