
O mundo à escala local. É a partir desta síntese, que mês após mês se tem construído a programação do Café Concerto do Centro Cultural Vila Flor, num cruzamento de tendências com larga amplitude devidamente dimensionado à cidade cultural moderna que Guimarães representa. Como que a registar a marca do Café Concerto do CCVF, a programação de março apresenta-se diversa e estimulante, percorrendo nomes emergentes e consolidados.
No primeiro fim de semana do mês (03 março), os :papercutz, regressados de Nova Iorque, apresentam no Café Concerto do CCVF o seu segundo álbum de originais, “The Blur Between Us”, produzido por Chris Coady, produtor associado a bandas como os Beach House, Yeah Yeah Yeah’s, Tv On The Radio, entre outras. Prevista para o meio do ano de 2012 está a edição nos EUA, facto que leva a serem convidados a marcar novamente presença no Festival South by Southwest (SXSW), no Texas. Recentemente fizeram também uma versão de “Desintegration” dos The Cure para a Revista inglesa Future Sequence. Material inédito para ouvir ao vivo na voz da regressada Melissa Veras. O regresso da banda ao seu núcleo duro e a edição do novo disco parecem indiciar um caminho de crescimento internacional para os :papercutz.
Projeto formado por Bruno Miguel e com a participação da norte-americana Melissa Veras, os :papercutz surgem na compilação Novos Talentos Fnac em 2008. Nesse ano, lançam o primeiro álbum “Lylac” pela editora Canadiana, Apegenine Recordings. É com “Secret Search”, tema retirado de 'Lylac', que ganham o segundo prémio do International Songwriting Competition, atribuído pelo júri composto por Tom Waits, Robert Smith, entre outros notáveis.
Já a 10 de março (sábado), as novas tendências continuam na ordem da noite, com Ride a apresentar, a solo, um espetáculo visual e sonoro muito impactante. Este pequeno grande produtor entra, em 2012, como detentor do título de campeão do mundo de Scratch/Turntablism IDA 2011 - categoria “Show” - juntamente com Stereossauro (os Beatbombers). Ao Café Concerto do CCVF, Ride traz-nos o seu mais recente projeto, “Pixel Thrasher”, um formato “one man show” onde som e imagem se fundem numa peça única. Neste novo projeto, Ride assume o vídeo-scratch como linguagem e expressão criativa, explorando um vasto campo visual, sonoro e lúdico - através do uso de elementos gráficos e referências aos universos da música, cinema e internet - criando jogos com a memória coletiva e abordando pontos de vista sobre a sociedade que nos rodeia.

A terceira atuação do mês (17 março) está a cargo dos Sensibles Soccers, uma banda que viaja no tempo através das suas sonoridades que vão desde edições digitais até à magia analógica das cassetes, que parecem estar a fazer culto junto de um nicho internacional. Os Sensible Soccers não esperam pelos novos paradigmas para os seguir, antes estabelecem desafios estéticos que tanto retratam a realidade local, como rapidamente abrem os braços ao universo enquanto casa que habitam. Desde outubro do ano passado, altura em que lançaram um EP homónimo, até agora, a banda surgiu destacada em diversas publicações nacionais e internacionais e apresentou o EP, ao vivo, em Portugal e Espanha, onde a sua música foi recebida com intensidade. Com a edição de dois novos temas, “Fornelo Tapes Vol.1”, no passado mês de janeiro, os Sensible Soccers regressam à estrada para concertos pelo país fora, bem como um regresso à Galiza.
O penúltimo concerto de março (sexta 23) cabe a uma figura de culto norte-americana elevada já a um estatuto mitológico. Daniel Higgs é um criador místico que cruza a poesia com texturas sonoras de forma elaborada. Conhecido por ter sido frontman dos Lungfish, banda de culto ligada à Dischord Records (casa de bandas como Fugazi ou Minor Threat) e consequentemente a toda a cena de Washington da década de 80, Daniel Higgs continua, como sempre o fez, a deixar uma marca - o mais pessoal possível - e os trabalhos editados pela Thrill Jockey ou Holy Mountain, assim como quase três décadas de discos editados, livros de poesia e coleções de desenhos, assim o provam. Muitas vezes ouvimos que o trabalho de um artista tem de falar por si próprio e com Higgs esta máxima soa a mais verdade do que nunca. Três décadas de arte cósmica, da qual temos apenas de agradecer que esteja confinada à nossa atmosfera e ao nosso tempo.
E para encerrar o mês, a noite de Gala Drop (31 março). 2011 foi um ano em cheio para esta banda, que, no final do ano, visitou a vizinha Espanha, a França e a Itália, atuando nos principais festivais desses países ao lado de nomes como Bonnie 'Prince' Billy ou Silver Apples. Em setembro do ano passado, os Gala Drop gravaram ainda, em colaboração com Ben Chasny (Six Organs Of Admittance), um EP para esta primeira metade de 2012, que dará mais tarde origem ao novo disco de originais. Espera-se, por isso, que o novo trabalho dos Gala Drop os atire para um alto nível de reconhecimento. Pela aclamação internacional adivinha-se que, em breve, Portugal será pequeno para o talento dos Gala Drop.
Todos os concertos acontecem às 24h00, no Café Concerto do Centro Cultural Vila Flor. Os bilhetes podem ser adquiridos no Centro Cultural Vila Flor, nas lojas Fnac e no sítio www.ccvf.pt onde é possível consultar toda a programação.
Também em março o Café Concerto conta com momentos de improvisação protagonizados pelos atores do Teatro Oficina, em mais uma Quarta dos Atores. Uma ação aberta à participação da plateia, a partir das 23h00 do dia 28 de março.
(fonte: http://www.correiodominho.com)
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