quarta-feira, 1 de fevereiro de 2012

Igreja mais antiga em atividade de Portugal comemora 1100 anos



Este ano é especial para o templo único no seu estilo no nosso país, classificado desde 1916 como Monumento Nacional. Estão a ser comemorados os 1.100 anos da igreja, que se crê ter sido edificada no longínquo ano de 912, antes mesmo da fundação de Portugal em 1143.

A historiadora Maria José Borges adianta ao DIÁRIO AS BEIRAS que “presume-se que a data de edificação remonta a 950 da era romana. Estão inscritos em carateres góticos numa pedra que lá existe, e que corresponde ao ano 912 da era atual”.

Revela que a Igreja de S. Pedro de Balsemão em Lamego, ou a Igreja de S. Frutuoso, são “mais antigas”, agora a “singularidade desta igreja é que é a mais antiga que está em funcionamento, visto que aquelas duas já estão desativadas”.

Sublinhando que este templo “tem estado em funcionamento praticamente ininterrupto, só durante as obras de recuperação que teve na década de 1930, durante cerca de dois anos é que houve uma interrupção e as cerimónias litúrgicas fizeram-se numa capela da povoação”.

É provável que tenha existido um templo gótico, associado ao cemitério visigótico que a rodeia e passa por baixo da igreja. “É um local de culto religioso desde o neolítico, passando pelos romanos, porque foi um templo a Júpiter”, assegura.

O formato atual foi recuperado na década de 1930 de acordo com o estudo das fundações. “Não se sabe ao certo quem a terá erigido, mas poderá ter sido uma comunidade cristã, com alguma influência da cultura árabe”, realça a historiadora natural de Lourosa.

A igreja é Moçárabe, “por que alia influência da arte cristã com a arte árabe”.
Lamenta que “muitos portugueses, até mesmo do concelho de Oliveira do Hospital” não conheçam esta obra única em Portugal e das únicas da Península Ibérica.


Na cerimónia de inauguração das comemorações dos 1.100 anos, no passado dia 15 de janeiro, o presidente da Câmara de Oliveira do Hospital fez alusão ao projeto de requalificação do espaço envolvente da igreja, que foi candidatado pela autarquia a um apoio da administração central e, até agora, não obteve resposta.

“A celebração da Igreja Moçárabe de Lourosa, sujeita à erosão de 11 séculos de história, deve também passar pela requalificação do seu edifício e do espaço que o envolve”, afirmou.
José Carlos Alexandrino sublinhou que “estamos à espera que o projeto tenha apoio do quadro comunitário de apoio e acredito que as obras possam ser realizadas até 2013, porque da parte do município temos tudo pronto para fazer o lançamento da obra”.


Na sua opinião as obras são fundamentais para dar ainda maior dignidade a uma igreja que “tem umas características únicas em todo o país”.

O bispo de Coimbra, D. Virgílio Antunes, esteve presente nas cerimónias – a Igreja faz parte da comissão organizadora das comemorações – tendo referido que o templo de Lourosa é “uma joia nacional que pode levar o nome desta terra até muito mais alto e longe”.

Lembrou que não são muitos os monumentos em Portugal, e em outros países do mundo que possam “orgulhar-se de uma fundação tão recuada na história e terem sido conservados, com todas as dificuldades, até aos dias de hoje”.

D. Virgílio Antunes disse que quando estava a falar de monumentos “não me refiro simplesmente às pedras, à arquitetura”, mas como “sinal de uma fé cristã e de uma cultura de raízes judias-cristãs que deu um contributo tão forte, não somente à construção da Europa e do mundo, no caminho para a paz e fraternidade, no encontro entre pessoas e povos”. (fonte: http://www.asbeiras.pt)

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