Tablao do Fado: Amálgama de arte ibérica na reabertura do Teatro Ibérico
O cruzamento do Fado e do Flamenco são a essência desta produção, acompanhada a coreografia, em palco, pela voz da fadista Filipa Silva e as cordas de Ricardo Xavier (guitarra) e José Paiva (viola).
O espectáculo começa com a premissa de qualquer fado: silêncio. As cordas dão o mote, o fado começa.
Do lado oposto do palco o grupo de dança – o flamenco – mostra-se complacente, como que olhando do outro lado da fronteira. Termina o primeiro fado. Silêncio. O flamenco entra, lento, primeiro, caminhando com passos seguros para o primeiro de muitos momentos de êxtase. A dor da voz fadista dá lugar à paixão, ao romance, à fúria sentida em cada movimento. Com o desenrolar do espectáculo os dois estilos vão-se cruzando, entrelaçando, até a um fado final, sem cordas. Silêncio.
Não se pode deixar de sentir que mais do que duas artes, temos dois países, duas culturas em cruzamento.
As expressões são diferentes, é certo, mas as entrelinhas que arte procura sempre explorar são as mesmas: dor, paixão, alegria, tristeza, fortuna, saudade… Dois povos irmãos com percursos paralelos. Pelo meio a dança é pintada por momentos de Tango: a ibéria foi, em tempos, maior que o mundo e merece reclamá-lo.
A sala, sendo um monumento nacional – e além da boa acústica - enquadra perfeitamente o que vai acontecendo no palco.
Este espectáculo, de resto, marca a reabertura do belíssimo Teatro Ibérico - localizado no Convento de São Francisco de Xabregas - que cumpre assim a sua terceira década de apoio à cultura portuguesa, nomeadamente às abordagens mais alternativas. Gerido pela associação Centro Cultural de Pesquisa e Arte, o espaço estava encerrado há cerca de um ano. Reabre ao público esta quinta-feira.
Sandra Battaglia, Cláudia Santos, Filipe Nunes, Pascoal Amaral, Jonas Lopes e Margarida Silva serão os bailarinos em palco; os figurinos estão a cargo de Gianni Montagna. (fonte: http://www.hardmusica.pt)
Sem comentários:
Enviar um comentário