Tem seis metros quadrados, pesa meia tonelada e foi criada por dois estudantes
portugueses de Arquitectura. O projecto foi premiado mas ainda não saiu do papel.
Dois estudantes da Faculdade de Arquitectura da Universidade do Porto criaram
uma cápsula habitacional “low cost” com cerca de seis metros quadrados. Chama-se
Polikatoikea, um nome que funde a legislação grega dos solos (Polikatikia) e a
filosofia da marca sueca Ikea. Será este o futuro da habitação citadina?
Filipe Magalhães e Ana Luísa Soares, de 24 e 23 anos, respectivamente, são os
autores do projecto. A dupla foi distinguida com o primeiro prémio no Re'Build
Open Ideas Competition, um concurso de ideias para jovens que se realizou em
Setembro de 2011, no Porto.
Inspirados na famosa Torre
Nakagin, a Polikatoikea surgiu para contrariar o programa Porto Vivo
e provar que comprar casa no centro da cidade está ao alcance de todos. Mas
sem luxos, que "a ideia é fazer com que as pessoas saiam de casa e vivam mais a
cidade", refere Filipe ao P3.
Produzir o módulo em série por uma empresa como o Ikea, "seria o ideal". E
até cumpre as principais permissas da gigante sueca: “é flexível, fácil de
transportar e, sobretudo, barata”, acrescenta. Pesa pouco mais de meia tonelada
– “leve o suficiente para transportar e pesada o suficiente para se manter
estável” - e, se fabricada, mil euros seria o valor cobrado.
Viver em seis metros quadrados
A cápsula "low-cost" tem uma estrutura metálica e é recheada com lã de rocha
para garantir o isolamento térmico e acústico. Para além disso, é forrada com
plástico, mas não mais do que um centrímetro, quer por dentro, quer por fora, de
forma a suportar as calhas metálicas e a garantir o “toque contemporâneo”.
O interior foi pensado em aglomerados de madeira e de plástico. Tem uma
janela com vidro duplo e uma porta que corre para dentro da parede de forma a
economizar espaço. Aliás, a característica fundamental é mesmo a optimização.
Todos os centrímetros são aproveitados.
Há uma cama que é simultaneamente um espaço de arrumação e, na parede oposta,
um armário que acomoda o frigorífico, o microondas e uma pequena boca de fogão.
A única subdivisão é mesmo a casa-de-banho, onde o lavatório, que “é maior que o
normal”, serve também de lava-louça. O módulo fica completo com um pequeno
espaço exterior.
O projecto, ainda que tenha agradado aos elementos do júri - constituído
pelos arquitectos Camilo Rebelo, Ivo Barão e Tiago Lambuça -, e apesar das
encomendas que já lhes chegaram, não passou do papel: “Em Portugal não há
investimentos e nós também não temos meios para avançar".
Ambos a estagiar em Basileia, na Suiça, por um período de um ano, Filipe e Ana vão
acalentando o sonho de tornar o projecto uma realidade. (fonte: P3)
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