domingo, 19 de fevereiro de 2012

Centro de Arte Moderna da Fundação Calouste Gulbenkian (CAM): Três exposições

Beatriz Milhazes por entre a sua obra «Gamboa» (foto ASF)

Três exposições mostram estações, mitos e morte na Gulbenkian

As estações do ano, no Rio de Janeiro (Brasil) não passam mostrando as suas diferenças. Pelo menos não tanto como em Portugal. Esta é uma das sensações que se pode experimentar no Centro de Arte Moderna da Fundação Calouste Gulbenkian (CAM), em Lisboa. A partir deste sábado e até maio estarão em exposição vários trabalhos de duas artistas e de um coletivo, cada um com o seu conceito.

Beatriz Milhazes trouxe ao CAM as cores da sua cidade, o Rio de Janeiro, por meio de pinturas e colagens de embalagens de chocolates, numa amálgama a relembrar o psicadélismo. A sua conterrânea, Rosângela Rennó prefere a realidade pura e dura, entre fotos de prisioneiros, tufões e vítimas de assassinato, baleadas e inertes no chão. Há ainda a instalação dos «A mata B», em que por entre texturas, música e encenação, o visitante é transportado para o mundo das lendas de Efigénia e Isaac, fundindo-se com o cenário. Mas vamos por partes:

Estações de mil cores
«Na cidade do Rio de Janeiro as estações passam sem muita distinção entre si. A primavera e o outono são as que mostram melhor as cores da natureza. É por isso que nos meus trabalhos usei as cores da minha imaginação», começou por dizer Beatriz Milhazes. A brasileira justifica assim o uso e a mistura das cores fortes, em telas que, com as suas dimensões, mostram a extensão das estações. Carregadas de influências tropicais, abrem-se flores no verão, recolhendo-se no inverno. Os materiais vão das habituais telas, às paredes forradas a vinil, refletindo o jardim lá fora. Outras reinventam-se, com obras feitas a cartolina e embalagens de chocolates e bombons.

Frutos de uma realidade fantástica
Subindo as escadas do CAM entramos no mundo de Rosângela Rennó, alimentado pelo «vício compulsivo» em recolher imagens antigas que mostrem a realidade. «É o retrato dos anónimos, dos oprimidos, dos explorados», diz a natural de Belo Horizonte (Brasil), sobre as impressões de estúdios de fotografia, imagens de presidiários, tufões e de cenários idílicos em férias, cortados por retratos de assassinados nas ruas do Brasil. O que se pretende é mostrar uma «realidade fantástica», por meio de telas, puzzles, vídeos ou impressões em aço inoxidável.

A mata B
«A mata B» é um duo português composto por Hugo Canoilas e João Ferro Martins que trouxe até ao CAM uma instalação artística que requer a interação de quem a visita. Baseada nas histórias de Ifigénia, que na mitologia grega se sacrificou para evitar uma disputa, e de Isaac, filho de Abraão a quem Deus pede que o sacrifique. Ambos são representados por duas cabeças numa sala escura, rodeados por cadeiras e uma instalação de instrumentos musicais. «Aqui fundem-se texturas luzes, música e encenação, dando ao espetador a responsabilidade de ligar os momentos», diz Hugo Canoilas. Os espetáculos dentro da instalação acontecem duas vezes: Esta sexta-feira e sábado, às 18.30 horas no CAM
. (fonte: http://www.abola.pt)

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