domingo, 12 de fevereiro de 2012

Guimarães 2012 Capital Europeia da Cultura & Cinemateca Portuguesa: Sacha Guitry



Numa colaboração entre Guimarães 2012 Capital Europeia da Cultura e a Cinemateca Portuguesa, Fevereiro volta a trazer Guitry em quantidade, 18 anos depois de uma retrospectiva quase integral na Cinemateca

Sacha Guitry (1885-1957) foi um dos maiores e continua a ser, em Portugal pelo menos, um cineasta muito desconhecido. Numa colaboração entre Guimarães 2012 Capital Europeia da Cultura e a Cinemateca Portuguesa, Fevereiro volta a trazer Guitry em quantidade, 18 anos depois de uma retrospectiva quase integral na Cinemateca. São cinco filmes em Guimarães e dez em Lisboa (dois dos quais, "Le Comédien" e "Aux Deux Colombes", são inéditos por cá, tendo ficado de fora da retrospectiva de 1994).

O segredo do génio de Guitry, oriundo da mais nobre aristocracia teatral francesa, foi, para além do seu talento para as palavras e para os quipróquós, o desprezo que votava ao cinema (a que chamava "teatro em conserva"): isso protegeu-o, durante boa parte da obra pelo menos, da malfadada "correcção técnica", do cinema que é "assim" porque é "assim" que deve ser. Foi livre e imaginativo como, entre os seus contemporâneos, talvez só Renoir. Falso misógino - todos os seus filmes são declarações de amor a mulheres, a mulheres em especial e às mulheres em geral -, torceu como ninguém a boa moral da mais fina sociedade francesa, virando do avesso as suas instituições (o matrimónio, sobretudo) e as relações entre classes. Usurpando-lhe as armas: os códigos, a linguagem, o sentido das conveniências e das aparências. Um farsante em constante combate contra a hipocrisia do senso comum: "- Quer dizer que temos a eternidade? - Melhor do que isso, temos três dias!".
É o diálogo final dos amantes de "Faisons un Rêve" (1937), e como isto nunca mais ninguém escreveu. (fonte: http://ipsilon.publico.pt/)

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