quarta-feira, 8 de fevereiro de 2012

Cultura Notícias - CPLP: Roteiro para a Guiné


“CPLP – uma oportunidade histórica” foi o tema de um colóquio que ontem se realizou, em Lisboa, no âmbito das jornadas dos 15 anos de existência da organização e da inauguração da nova sede.
Os antigos presidentes dos países membros, figuras que incentivaram e consolidaram os passos da CPLP, animaram o colóquio, entre os quais Joaquim Chissano, de Moçambique, Pedro Pires, de Cabo Verde, Mário Soares e Jorge Sampaio, de Portugal.

No centro do debate esteve o reforço e concretização do intercâmbio cultural. “Há necessidade de promover e reforçar a ligação entre as universidades lusófonas e os seus centros científicos”, defendeu Mário Soares.

Joaquim Chissano, que disse acreditar na “força e vontade da CPLP”, adiantou estar de acordo quanto à necessidade de se realizarem intercâmbios na educação, saúde e na promoção do conhecimento recíproco, e enalteceu os esforços do Brasil na erradicação da Sida em Moçambique, com a criação de uma fábrica de retrovirais.

“A diversidade cultural é tão grande que ainda não a conhecemos. Estamos a consolidar a nação que temos vindo a construir, mas é preciso trabalhar para sanar esta ignorância ou desconhecimento recíproco entre os países membros da CPLP”, salientou Joaquim Chissano.

O antigo presidente português Jorge Sampaio defendeu a necessidade de a comunidade desencadear um verdadeiro combate às doenças tropicais, pandemias que considera verdadeiros “travões da economia”, com recurso ao Fundo Global.~

Pedro Pires admitiu que a promoção no seio da comunidade de um “conhecimento mútuo” entre os países membros é um assunto “complexo”, por existirem inúmeras culturas nos territórios de muitos países africanos, como o mosaico cultural de Angola, “que tem modos próprios de ser e estar”.
“Temos de pensar na diversidade quando falamos de cultura. É fundamental que outras pessoas tenham o melhor conhecimento das nossas culturas para evitar julgamentos com base em realidades que nada tenham a ver com as nossas”, afirmou Pedro Pires.

O antigo presidente de Cabo Verde salientou ainda que a “África não é homogénea. Há afinidades, mas também há grandes diferenças. Vivemos na diversidade cultural, mas é preciso conhecê-la melhor”, reafirmou Pedro Pires, para quem a CPLP deve começar a trabalhar para uma alta qualificação dos seus recursos humanos. “Os africanos têm-se colocado, até agora, na posição de consumidores. Temos de passar para produtores. Mas para tal temos de deter um conhecimento que favoreça isso”.

Relativamente à língua portuguesa, é também consensual da parte dos antigos presidentes dos países lusófonos o reforço da sua promoção, numa altura em que são estimados mais de 250 milhões de falantes de português em todo mundo. Pedro Pires defende a coabitação entre as línguas e critica a universalização do inglês, receando o empobrecimento linguístico da humanidade.

A reunião extraordinária do Conselho de Ministros da CPLP analisou aspectos importantes para a vida e o progresso da comunidade, entre os quais, a “Estratégia Regional da Segurança Alimentar”.
Na reunião, que decorreu à porta fechada, estiveram igualmente em debate o relatório sobre o reforço da cooperação económica e empresarial na CPLP, a actual situação na Guiné-Bissau e o processo de adesão da República da Guiné Equatorial à comunidade.

Entre os intervenientes da primeira reunião extraordinária, estiveram os ministros de Cabo Verde, Jorge Borges, da Guiné-Bissau, Mamadu Sali Djaló Pires, e o ministro dos Negócios Estrangeiros de Moçambique. Na abertura da reunião, o Vice-Presidente da República, Fernando da Piedade Dias dos Santos pediu maior dinamismo aos Estados membros da organização. “A nossa comunidade é uma realidade. Temos dado passos seguros.

Alguns pensam que podíamos andar mais rápido mas é preferível darmos passos seguros e fazer com que todos os objectivos já alcançados sejam consolidados”, afirmou. Por isso, prosseguiu Fernando da piedade Dias dos Santos, “encorajo-vos a trabalhar no sentido da consolidação da CPLP para que sejam alcançados os objectivos a que nos propusemos. Temos uma história comum e actos de solidariedade consolidados. (fonte: Jornal de Angola)

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