sexta-feira, 10 de fevereiro de 2012
Academia de Belas Artes em Lisboa - Homenagem a António Duarte
Realizou-se, a 31 de Janeiro, na Academia de Belas Artes em Lisboa, a sessão solene de homenagem ao escultor António Duarte (1912-1998) por ocasião do centenário do seu nascimento.
Neste evento, o primeiro de uma programação que irá decorrer até 31 de Janeiro de 2013, data do aniversário do artista, participaram cerca de 40 pessoas entre familiares do autor, artistas, académicos, membros da Academia e antigos colegas e alunos (alguns dos quais são hoje docentes de Belas Artes).
Entre outras personalidades da cultura portuguesa, contaram-se o mestre Joaquim Correia, um dos poucos escultores vivos do mesmo período que António Duarte, José Augusto-França, e Natália Correia Guedes. Marcaram também presença os escultores António Vidigal, Antonino Mendes e João Duarte e ainda o arquitecto Tomás Taveira, que foi seu aluno.
A sessão de homenagem teve início com a intervenção de Fernando Guedes – editor, livreiro e crítico de arte - que apresentou um resumo da vida de António Duarte, enquadrando o seu percurso na história da cidade e no contexto artístico nacional e europeu. Este autor fez referência a algumas das mais emblemáticas obras de António Duarte que estão presentes em Lisboa, como a escultura de cavalos marinhos que está na Praça do Império, a de Sto. António na Praça de Alvalade, ou a de Camilo Castelo Branco que pode ser apreciada na Av. Duque de Loulé.O escultor caldense possui trabalhos por todo o território nacional. O convidado referiu-se também à vertente de retrato que António Duarte prosseguiu, tendo captado as feições de inúmeras personalidades, desde Sophia de Mello Breyner Andresen, Vitorino Nemésio, Ruben A. e Ana Hatherly entre tantos outros.
Foi feita referência à amizade que unia o caldense a Naum Gabo, escultor de origem russa que estava radicado nos EUA e que vinha às Caldas visitar António Duarte. Este último ensinou-lhe as regras de passar as suas obras para escultura em pedra.
O editor referiu-se também à obra mais intimista de António Duarte, a chamada escultura de Arte Livre, ou seja, que não obedece a encomendas e que hoje povoam o atelier-museu.
Fernando Costa, presidente da Câmara das Caldas, sublinhou a importância de António Duarte na constituição do seu Atelier-Museu e o seu papel na vinda de outros escultores que agora também estão representados nos museus municipais João Fragoso, Barata Feyo e Leopoldo de Almeida.
A criação dos simposia e bienais contaram também com um forte contributo seu e de colaboradores que tinham sido seus alunos nas Belas Artes.
Também a ESAD nasceu desse caldo cultural que se constituía em torno do Atelier-Museu. O edil recordou o facto de António Duarte ter defendido os cursos livres pois acreditava na democratização do acesso à escultura e foi com a sua acção que permitiu a afirmação desta vertente artística nos museus autárquicos.
Filipe Duarte Santos, filho do homenageado fez uma comunicação de cariz mais pessoal, referindo como foi ser filho de dois artistas e de conviver com a elite cultural da época entre escultores, poetas e artistas. A sua mãe, Regina Duarte, também se dedicava às artes, sem contudo ter feito uma carreira como o marido. Filipe Duarte Santos é um dos cientistas de grande prestigio em Portugal mas apesar de tudo, também pinta e até já realizou uma exposição no Centro de Artes.
Na sessão de homenagem contou como era viajar com os seus pais e com eles percorrer todas as catedrais, igrejas e capelinhas do território nacional. António Duarte era admirador e coleccionador de arte sacra.
Apesar de a ciência ser o seu caminho, Filipe Duarte Santos mantém vícios de artista e para onde quer que vá faz-se acompanhar pelo seu cadernos de desenho, como fazia o seu pai.
A fechar a homenagem, o presidente da Academia, António Valdemar, abordou a temática da sua relação de António Duarte com a Academia de Belas Artes – que decorreu ao longo de 40 anos – e a sua relação com o ensino das artes.
A presença do artista caldense foi descrita como activa e dinâmica e foi feita referência à sua forte personalidade e capacidade de liderar.
Um livro, uma medalha e exposições
Nas Caldas da Rainha, o Centro de Artes está a preparar uma programação alusiva o centenário do nascimento do escultor. Estão previstas exposições, conferências e outras actividades relacionadas com a vida e obra deste escultor caldense.
A Câmara das Caldas vai ainda aliar-se à Gulbenkian e à Faculdades de Belas Artes de Lisboa para apoiar a realização de uma edição em livro sobre a vida e obra deste escultor.
Será feita uma medalha para assinalar o centenário da autoria do escultor, João Duarte que foi aluno de António Duarte. Vai realizar-se em Julho uma exposição de António Vidigal, também discípulo de António Duarte e o próprio Simpósio de Escultura fará uma homenagem pelo centenário do nascimento do escultor.
(fonte: http://www.gazetacaldas.com)
Subscrever:
Enviar feedback (Atom)
Sem comentários:
Enviar um comentário