Depois de ter sido nomeado, em 2008, diretor do Théatre de la Ville, no centro de Paris, o franco-português, Emmanuel Demarcy-Mota (42 anos), disse numa longa entrevista ao Expresso que queria construir com Portugal "autoestradas da cultura".
Já cumpriu muito mais do que isso. O Théatre de la Ville organizou diversos eventos portugueses nos últimos anos, mas em maio e junho, Emmanuel vai transformar a cidade de Paris num autêntico "aeroporto" da cultura portuguesa.
Os diversos concertos, espetáculos de teatro, de dança, bem como exposições de artes plásticas, projeção de filmes e leituras de textos de diversos escritores terão lugar no teatro dirigido por Emmanuel, mas também em diversos outros locais culturais de primeiro plano da capital francesa.
O prato forte dos espetáculos será em Junho, designadamente com concertos de Carminho, Mísia e Lula Pena, bem como com teatro e dança por Tiago Rodrigues, Sofia Dias, Teatro Praga, Victor Roriz, Bomba Suicida, Mala Voadora, Catabrisa e Mónica Calle, entre muitos outros. Nas artes plásticas, estarão presentes Pedro Barateiro, Susana Mendes Silva e João Onofre e, no que respeita ao cinema e à literatura, serão projetados diversos filmes e efetuadas leituras, algumas delas difundidas em direto pela rádio France Culture.
O objetivo de Emmanuel Demarcy-Mota, encenador e filho da atriz portuguesa, Teresa Mota, e do dramaturgo francês, Richard Demarcy (que fala e escreve português) é mostrar em Paris a vitalidade da criação portuguesa, segundo ele ocultada pelas notícias sobre a crise económica, e sublinhar a "resistência" e a "independência" dos artistas portugueses.
O festival português é o quarto da série "Chantiers d'Europe" (Estaleiros da Europa). Na realidade, os eventos começam em maio com uma autêntica festa popular ao ar livre, a nove e dez desse mês, na imensa esplanada da Câmara de Paris, que pretende celebrar desse modo os 15 anos do tratado de amizade que une a capital francesa à portuguesa.
Para esta festa estão programados um concerto, uma mostra de culinária portuguesa, uma exposição de fotografias de Lisboa e outras animações culturais. A Câmara parisiense tem prestado grande atenção a Portugal desde que Hermano Sanches Ruivo que, tal como Emmanuel tem a dupla nacionalidade, foi eleito para a autarquia na lista socialista do Presidente da edilidade, Bertrand Delanoë.
Os espetáculos e animações decorrerão em diversos bairros de Paris e também na Casa de Portugal, na cidade Universitária, e ainda, no fim do mês de junho, num quarteirão central do bairro de Montparnasse, para onde estão programados concertos, filmes ao ar livre e outras animações.
Pascal Chérki, "maire" de Montparnasse e deputado socialista, adora fado, Lisboa, a cozinha portuguesa e ... o Benfica, clube de que é aliás sócio.
Na Casa de Portugal será apresentada uma exposição do pintor Raúl da Costa Camelo, já falecido e que viveu em Paris a maior parte da sua vida, bem como leituras e performances em torno da obra de Fernando Pessoa.
Durante o "Chantiers d'Europe" serão lidos textos de Jacinto Lucas Pires, André Murraças e José Maria Vieira Mendes e será ainda organizada uma noite especial em torno da obra do escritor António Lobo Antunes.
No conjunto, deverão deslocar-se a Paris cerca de 80 artistas portugueses durante esses dois meses.
(fonte: http://expresso.sapo.pt)
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